quarta-feira, 12 de outubro de 2011

As maricotas da cultura popular ganham releitura fashion pela artista Arlete Slomski

Maricotas fashion levam tradição folclórica da Ilha de Santa Catarina para todo o país

Altíssimas, de até 1,5m, vaidosas, esbeltas, cinturinha fina e busto farto. As maricotas da artista Arlete Slomski, 47, não são nada desengonçadas, desproporcionais ou olhudas. Produzidas com materiais recicláveis, as esculturas graciosas simbolizam a tradição folclórica da Ilha de Santa Catarina numa releitura fashion das enormes bonecas do folguedo do boi-de-mamão.
Por debaixo das saias das charmosas mulheres, se percebe o minucioso trabalho de produção. De sete em sete, número de sorte da artista, elas são montadas com objetos que poderiam fazer volume ao lixo, como pedaços de cano, arames e garrafas pet. Cobertas com papel machê e outras técnicas de modelagem, cada camada vai dando forma às bonecas, respeitando o tempo de secagem de cada etapa. O vestido, os detalhes como colares e adereços e até a bolsa, combinando com a roupa, são pintados por último. “Faço com tanto amor que elas possuem até uma aura própria. O que eu faço, eu vendo”, diz Arlete, sobre o sucesso de vendas para todo o Brasil e até mesmo outros países na Casa Açoriana, em Santo Antonio de Lisboa, Norte da Ilha, onde suas obras são expostas com exclusividade.
Arlete sempre gostou de personagens femininos. “É tão bom brincar de bonecas. A gente cresce, mas brincar continua sendo muito bom”, justifica. Antes das maricotas, a artista produzia bailarinas, não para dar vida a uma paixão praticada por ela, mas porque uma vez, velejando com o marido, espreguiçou-se e viu o movimento pintado com sua própria sombra. Com arames e rolimãs, reproduziu a cena, acentuando a leveza dos braços e das pernas das personagens dançarinas que a levaram para todo Brasil em exposições em grandes galerias.

Artista da natureza

Natural de Dionísio Cerqueira, município do extremo oeste de Santa Catarina, Arlete foi criada em Chapecó e mora em Florianópolis há nove anos. Por 16 anos foi bancária, mas a arte falou mais alto e trocou os números por uma faculdade de artes plásticas. Já na época, se utilizava de elementos da natureza para compor seu trabalho.
Suas primeiras obras eram grandes telas em que utilizava cascas de árvores, raízes, plantas, troncos, terra, folhas e tudo aquilo que o homem já depredou. “Minha arte pensa na preservação do meio ambiente. Costumo andar e ir percebendo os restos naturais que encontro pelo caminho”, observa. A presença de elementos naturais continua a ser sua marca registrada. As esculturas de maricotas variam em cores e tamanho, e custam a partir de R$ 140.

Onde encontrar: Casa Açoriana, rua Cônego Serpa, 30, Santo Antonio de Lisboa, Florianópolis, tel. 3235-1262


Fonte: Jornal Notícias do Dia
Caderno Plural - 04.10.2011
Reportagem: Carol Macário - @carolmacario_nd -Florianópolis
Foto: Rosane Lima / ND

Nenhum comentário:

Postar um comentário